30.5.09

Atrocidades

Sinto-me inútil! Estou sentada em frente a TV durante minutos, horas, quiçá dias. Aquele estúpido aparelho faz-me perder momentos da minha já curta vida insignificante. Absorvo tudo o que posso dele. Ele incide sobre mim um poder hipnótico que me faz esquecer por momentos a minha triste sorte. Mas não estou preocupada, que Deus me leve para junto dos anjinhos que lá ao menos tenho paz e sossego, ao contrário deste nauseabundo T0 que se torna inabitável ainda mais com a quantidade de filhos da p*** que tenho ao meu redor! Era capaz de os matar com as minhas próprias mãos! Parecem almas penadas que não encontram o caminho para o maldito inferno!!! F***-se!! Malditos sejam!! São impostores, caloteiros, adúlteros, gananciosos e tudo o que de mau pode existir!! Vou voltar a página. E acender o meu mortal cigarro e beber um gelado copo de gin para esquecer estes malditos horrores. Sim, vou morrer!! E a culpa é deste e de tantos outros cigarros…estou com cancro do pulmão…estou em estado terminal…não tenho receio da morte, só espero que ela seja rápida e indolor…mas também se pudesse viver mais…Que se lixe a vida é f***** e além disso ninguém sentirá a minha falta, não tenho ninguém; família, amigos, nada! Apenas sou eu, a minha doença e este monte de vícios que me levou à cova! Estou aqui a apodrecer, as larvas já me cercam. Estão famintas de carne. Sinto que me querem atacar. Podem fazê-lo, a minha dor interior suporta a exterior. E assim faço deste lugar o meu túmulo pois nem dinheiro para o funeral tenho! Também quem é que ia me prestar homenagem? Apenas sou eu, a minha doença e este monte de vícios que me levou à cova!

29.5.09

Nostalgia




"...pode a beleza dispensar-nos da acção? na nudez imóvel come chocolates, sem vergonha após as quedas, domésticas e sucessivas, o ventre riscado pela sombra das venezianas, que o umbigo devora. trinta e cinco graus centígrados e o som da ventoinha azul de metal anula os sentimentos morais de busca de utilidades. podemos estar parados porque somos belos, julgados apenas por teorias estéticas, e o nosso fim imediato esgota-se no lento chocolate, no papel de prata e nas mãos que o desenrolam.."